PROGRAMAÇÃO

CONFERÊNCIAS

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A BIENALIZAÇÃO DO MUNDO – QUAL O PRÓXIMO PASSO?
DESAFIOS E DEMANDAS DAS BIENAIS HOJE

Sabiha Keyif
08 de abril de 2018

RESUMO
As bienais surgiram como exposições alternativas que visavam levar arte contemporânea a locais onde havia pouca ou nenhuma infraestrutura para este tipo de produção, até se tornarem cartões de visita das megacidades globais e de seu marketing cultural. Elas refletem condições políticas e são ativamente utilizadas para proporcionar mais tolerância, liberdade social e para demonstrar a alteridade da forma mais eficaz possível.
O formato bienal experimentou uma verdadeira inflação na história recente. Se até 1989 contavam-se cerca de 30 bienais, hoje há mais de 200 distribuídas por todo o mundo. A divulgação deste formato de exibição de dois anos criou uma rede de instituições e curadores que se esforçam para criar uma identidade cultural a partir da arte regional e, ao mesmo tempo, posicioná-la dentro de um sistema de arte que continua a ser dominado pelo Ocidente. Paralelamente, nos últimos anos um enfoque das bienais em seu próprio contexto regional tem sido discernível – ao menos superficialmente – buscando relativizar o alcance global de influência e validade para um segundo plano.
Três décadas após seu grande boom, uma avaliação sistemática e uma discussão do desenvolvimento de bienais faz-se essencial. Portanto, cabe perguntar: quais seria o papel das bienais na atualidade? Quais os temas e perguntas que uma bienal pode/deve tratar? Por quem eles deveriam ser debatidos? E a quem são destinadas as bienais hoje?

BIO
Sabiha Keyif é historiadora e curadora de arte. Ela atualmente trabalha no Departamento de Artes Visuais do Ifa (Institut für Auslandsbeziehungen) e na Staatliche Kunsthalle Baden-Baden. Ela co-fundou a Kunstverein Wolfsburg (2012/13) e trabalhou de 2013 a 2017 como curadora e gerente de projeto da ZKM | Centro de Arte e Mídia Karlsruhe (DE). Entre outras exposições e projetos, organizou a exposição “Camadas híbridas” (2017), em colaboração com Peter Weibel, a exposição Exo-Evolution (2015) e organizou várias conferências, entre as quais “Bienais: Prospecto e Perspectivas” (2014). Em 2017, foi produtora e coordenadora da “Under the Mango Tree”, uma reunião de aneducação da documenta 14 (2017) e recebeu uma bolsa de curadores do Goethe Institute Jakarta. Sua prática curatorial envolve principalmente temas socialmente relevantes, bem como a influência das novas tecnologias na sociedade e na vida.

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METAMORFOSES DO SISTEMA DA ARTE NO SÉCULO XXI

Alexandre Melo
09 de abril de 2018

RESUMO
Nas quase duas décadas que já leva o novo século o sistema da arte contemporânea sofreu um conjunto de transformações que, sem alterarem a sua natureza estrutural, deram um novo alcance e implicaram novas problematizações em relação a suas principais caraterísticas definidoras. Importa ponderar as implicações – no mundo da arte, em sentido estrito, e nas práticas culturais e suas conexões sociais, em geral – de várias tendenciais evoluções em curso. Entre elas, o aprofundamento e descentramento da dinâmica de globalização; o alargamento – sem limite à vista – do espectro da segmentação e hierarquização das estruturas de produção artística; a generalização do pluralismo e relativismo nos discursos de legitimação; o alastramento do ecleticismo e transdisciplinaridade nos processos de trabalho; a mediação comunicacional generalizada no que diz respeito aos modos de inserção social. Na comunicação, as dinâmicas e possíveis dimensões da transdisciplinaridade perfazem o centro do debate, pois elas são uma das caraterísticas mais marcantes e generalizadas entre as práticas artísticas que vêm adquirindo maior protagonismo neste período.

BIO
Alexandre Melo é Professor de Sociologia da Arte e da Cultura (ISCTE-IUL, Instituto Universitário de Lisboa), Curador e Crítico de Arte. Colaborador da Revista “Artforum” (Nova Iorque) e “Contemporânea” (Lisboa). Organizou exposições em museus e galerias em Portugal (Museu Gulbenkian, Museu de Serralves, etc), Brasil (Estação Pinacoteca, etc) e outros países. Autor de Filmes e Documentários sobre arte e programas para Televisão e Rádio. Foi Comissário de Portugal à Bienal de Veneza e São Paulo. Sua vasta bibliografia inclui “Arte e Poder na Era Global” e “Sistema da Arte Contemporânea”. Foi Assessor Cultural do Primeiro Ministro de Portugal.

DuarteCOLECIONAR HOJE: PERSISTÊNCIAS E RUPTURAS NUM MERCADO GLOBAL

Adelaide Duarte
09 de abril de 2018

RESUMO
No mundo global de hoje, os colecionadores de arte contemporânea desempenham um papel cada vez mais impactante no sistema da arte. Agentes dinamizadores do mercado, a influência destes atores é visível na produção e na circulação de obras, no exercício do patronato (Patrizia Sandretto), na encomenda (Zabludowicz Collection), no controle do mercado (François Pinault), na manipulação de carreiras e de valores artísticos (Charles Saatchi), e mesmo na crescente permeabilidade dos seus interesses nos museus públicos que se tem vindo a observar. Vistos pela historiografia como figuras de prestígio e de legitimação (por vezes, concorrenciais aos próprios museus), os colecionadores contribuem para a “construção de valores artísticos” (MOULIN, 2003, 9) e para “acelerar” a história da arte (Panza di Biumo), promovendo movimentos estéticos e propagando o gosto, sobretudo através de museus privados (CABANNE, 2004, 321). Também se observa uma prática sistemática de colecionar para o domínio público (STOURTON, 2007, 10-11), abrindo museus próprios (Fondation Louis Vuitton, Paris, 2014), ou negociando acordos com governos e municípios, tantas vezes vantajosos para os colecionadores porque lhes permitem disponibilizar as coleções ao público, sem perderem a propriedade das mesmas ao mesmo tempo que as valorizam (Museu Coleção Berardo, Lisboa; Museu de Arte Contemporânea de Elvas, Coleção António Cachola). Este modo de colecionar para o domínio público, onde as obras não passaram pela esfera doméstica, marca uma nova tendência que diferencia o colecionismo privado contemporâneo do praticado anteriormente, sobretudo desde meados do século XX. Nesta comunicação pretendemos problematizar modelos de colecionar no mundo global, identificar persistências e rupturas de uma atividade histórica. A partir de exemplos internacionais e de outros com uma dimensão local (Portugal), vamos observar a sua influência no mercado e na economia da arte, as tendências de gosto, o crescimento dos museus e distinguir o poder do colecionismo privado na sua relação com as instituições museais.

BIO
Coordenadora executiva da Pós-graduação Mercado da Arte e Colecionismo na FCSH-UNL (com início no ano letivo 2016-2017). Coordenadora do TIAMSA Sub-committee Art Market and Collecting in the European Southern Countries and Brasil, aprovado em assembleia geral (2017) e do Cluster Art Market and Collecting, sediado no IHA da FCSH-UNL. Professora auxiliar convidada e investigadora de pós-doutoramento, com bolsa FCT, no Instituto de História da Arte da FCSH-UNL. Membro integrado no grupo de investigação Museum Studies: Art, Museums and Collections. Doutoramento em Museologia e Património Cultural (2012) sobre colecionismo privado de arte moderna e contemporânea em Portugal, na Universidade de Coimbra. No âmbito do pós-doutoramento, desenvolve investigação sobre a formação de coleções, privadas e institucionais, a partir da coleção do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves. Vice-Presidente da Associação Amigos do Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado e responsável pelo Ciclo Colecionar Arte. Conversas a partir de coleções particulares que teve início em 2013. Mestrado em Museologia e Património Cultural (2005), e licenciatura em História, variante História da Arte (1998) na mesma Universidade. Tem participado em conferências e colóquios, em Portugal e no estrangeiro, e publicado artigos da especialidade. Publicação recente: DUARTE, Adelaide, Da coleção ao museu. O colecionismo privado de arte moderna e contemporânea em Portugal, Lisboa, Caleidoscópio/ Direção Geral do Património Cultural, 2016, 427 p.. ISBN: 978-989-658-431-3 (Publicação com processo de arbitragem científica).

Castillo

CRITICA INSTITUCIONAL SUL: ALCANCES, DESVIOS E REINVENÇÃO

Ramón Castillo
10 de abril de 2018

RESUMO
Supondo que a Crítica Institucional surgiu fortemente no sistema da arte em geral, e nos museus de arte em particular, é necessário identificar suas realizações e paradoxos dentro e fora deste sistema. Ou seja, se diferentes momentos de crítica institucional são identificados, primeiro praticados por artistas (desde os anos 60), então por curadores, e agora também por diretores de museus, é possível distinguir um mapa heterogêneo e multidisciplinar de práticas e discursos na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina. Neste contexto, é urgente situar essas práticas preliminares no contexto de-colonial, sobretudo porque as instituições são as entidades que, desde a “periferia” ou o “sul global”, foram os responsáveis ​​por reproduzir implicitamente ou explicitamente narrativas eurocêntricas ou hegemônicas. A Crítica Institucional localizada no sul será exemplificada através de estudos de caso de exposições e museus no Chile, Uruguai e Colômbia, oferecendo uma oportunidade inédita de problematizar, criticar, revisar e reinventar a pertinência e o senso de questões como autor, público, experiência estética, indústria cultural, turismo globalizado, educação e mediação; micropolítica e novas narrativas, entre outras.

BIO
Doutor em História da Arte pela Universidade de Barcelona, ​​Espanha. De 1994 a 2010 foi curador de arte contemporânea no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago do Chile. Como curador independente, trabalhou com artistas chilenos como: Matilde Pérez, Iván Vial, Eduardo Martínez Bonati, Raúl Zurita, Enrique Zamudio, Voluspa Jarpa e Fernando Prats. Realizou exposições como “Biblioteca Recuperada: livros queimados, escondidos e desaparecidos quarenta anos após o golpe”; “A peça que falta: impactos de bala contra o Museu de Belas Artes”, 1973 (2014). Foi curador da exposição “Habitar o vazio” com os artistas Alfredo Jaar, Iván Navarro, Fernando Prats e o poeta Raúl Zurita em Barcelona 2016 e recentemente, “A revolução das formas: 60 anos de arte abstrata no Chile” (2017) . É assessor de projeto Fundação CIFO-Fontanals, EUA (2014-2017). Desde 2017 é Presidente do Conselho de Administração da Fundação Balmaceda Arte Joven (2017) e, desde 2010, Diretor da Escola de Arte da Universidade Diego Portales.

PROGRAMAÇÃO

PRIMEIRO DIA | 08 DE ABRIL

17h às 18h30 – Credenciamento

18h – Mesa de abertura

18h30 às 20h |AUDITÓRIO

Sabiha Keyif | A bienalização do mundo – Qual o próximo passo? – Desafiose demandas das bienais hoje

SEGUNDO DIA | 09 DE ABRIL

09h às 10h – Credenciamento

10h às 12h | SALA 1 – MESA 1A

Felipe Scovino (UFRJ) | Anotações e dilemas para um curador no Brasil

Michelle Sommer e Ivair Reinaldim (UFRJ) | Experimentar o experimental: onde a pureza é um misto

Michele Rolim (UFRGS) | Diálogo entre o conceito de curadoria nas artes visuais e nas artes cênicas

10h às 12h | SALA 2 – MESA 2A

André Venzon (UFRGS) | Configuração e considerações sobre a institucionalidade das artes visuais no Estado do Rio Grande do Sul

Juan Rozas (Univ. de Málaga) | Málaga y la mercadotecnia cultural

Paula Guerra e Susana Januário (Univ. do Porto) | Dias transbordantes. Fluxos e percursos  (d)na arte urbana portuguesa

10h às 12h | SALA 3 – MESA 3A

Manoela Vares (UFSM) | Projetos em arte e tecnologia: estratégias de aproximação obra x público

Camila Proto (UFRGS) | Gallery of Lost Art: o museu virtual e as relações entre matéria e legitimação

Henrique Grimaldi (UFJF) | Do capital simbólico ao capital econômico: a produção da crença e narrativas artificadas em Alexander McQueen, uma perspectiva sociológica

12h às 14h – Intervalo para almoço

14h às 16h30 | SALA 1 – MESA 1B

Felipe Caldas (UFRGS) | Das contradições vivemos: a dimensão crítica da força de trabalho do artista

Emerson Dionísio (UnB) | Na fronteira entre dois mundos: a relação entre museus e galerias de arte

Igor Simões (UERGS) | Entre a luta e a demanda: mostras de arte, mercado e visibilidades de lutas sociais no campo da arte

Andrea Lima (UFSM) | O artista, o galerista e as suas estratégias de atuação no mercado da arte

14h às 16h30 | SALA 2 – MESA 2B

Marina Cerchiaro (USP) | Quando as margens reafirmam o centro? As premiações das primeiras Bienais de São Paulo (1951-1965)

Marcos Pedro (UNICAMP) | A sombra da Liberdade: representações francesas e norte-americanas nas primeiras bienais de São Paulo

Carolina de Almeida Vecchio (UnB) | A 1ª Bienal de Arte Contemporânea da América Sul,  BienalSur, e a possibilidade de legitimar uma nova cartografia dos trânsitos da arte contemporânea no circuito de bienais internacionais

Sabrina Moura (UNICAMP) | Entre políticas de visibilidade e a retórica da “inclusão”: A emergência de novas cartografias artísticas a partir da Bienal de Dacar

14h às 16h30 | SALA 3 – MESA 3B

Celina Lage (UEMG) | Acropolis Remix: o livro de artista virtual como espaço de experimentos artísticos e curatoriais

Rafael da Silva da Cunha e Gerciane Maria da Costa Oliveira (UFERSA) | Cordel digital: as novas formas de apresentação da literatura de cordel no ciberespaço

Maria Inez Turazzi (UFF) | Imagem de si, arte fora de si: fotógrafos, fotolivros e o ciberespaço

Daniel Hora (UFES) | Extensões do sistema pós-digital da arte: funções de registro e operações computáveis derivadas dos “arquivos de artistas”

16h30 às 17h – Coffee break

17h às 18h30 |AUDITÓRIO

Alexandre Melo | Metamorfoses do sistema das artes no século XXI

18h30 às 19h – Coffee break

19h às 20h30 | AUDITÓRIO

Adelaide Duarte | Colecionar hoje: persistências e rupturas num mercado global

TERCEIRO DIA | 10 DE ABRIL

10h às 12h | SALA 1 – MESA 1C

Felipe Prando (UFPR) | A crítica institucional em contextos institucionais precários

Danilo Moreira Xavier (USP) | Como falar de algo que não existe: a respeito de um museu hipotético

Tatiana Martins (UFRJ) | Ativações e comissionamentos: modos de apresentação da arte contemporânea em Dja Guata Porã e Wenu Pelon

10h às 12h | SALA 1 – MESA 2C

Francisco Dalcol (UFRGS) | Mário Pedrosa e a 6ª Bienal de São Paulo (1961): uma proposição crítica ao relato ocidental da história da arte

Tálisson Melo de Souza (UFRJ) | Delineando territórios para as artes visuais na Bienal Internacional de São Paulo (1979 a 1985)

Renata Zago (UFJF) | História da arte como história das exposições: as Bienais de São Paulo (2006-2016)

10h às 12h | SALA 1 – MESA 3C

Fernando Loureiro Bastos (Univ. de Lisboa) | Transparência e opacidade na regulamentação jurídica dos mercados da arte

Marcílio Toscano Franca Filho (UFPB) | Canetas, Cores e Pincéis: Uma introdução ao Diálogo entre o Direito e as Artes Visuais

Angela Cassia Costaldello e Marcelo Miguel Conrado (UFPR) | Arte e cidade: as implicações jurídicas do grafite

12h às 14h – Intervalo para almoço

14h às 16H30 | SALA 1 – MESA 1D

Rosa Maria Blanca (UFSM) | Entre los márgenes y lo global: intersubjetividades y (des)localizaciones

Pedro Ernesto (UnB) | O “local” de Marepe e de Marcone Moreira: trânsitos e representação identitária

Maria de Fátima Morethy (UNICAMP) | Estratégias de internacionalização: agentes culturais estrangeiros na América do Sul (anos 1950/60)

Nilza colombo (UFRGS) | Galeria Bolsa de Arte: estratégias e lugares de atuação

14h às 16h30 | SALA 2 – MESA 2D

Nicole Palucci Marziale (USP) | Abordagem de práticas artísticas colaborativas e de ação direta na realidade social: as propostas da estética conectiva, da New Genre Public e da Estética Social

Cecilia Cavalieri (UFRJ) | Uma ecologia de práticas na arte contemporânea e depois dela:o experimental, a account-ability, os modos de vida & não-vida, o antinarciso e a liberdade

Thiane Nunes (UFRGS) | Esgarçando frestas: diálogos transdisciplinares e a nova crítica feminista em arte

Leila de Souza Teixeira (UnB) | Leitor-observador, observador-leitor: as reminiscências textuais e literárias nos livros-objeto

14h às 16h30 | SALA 3 – MESA 3D

Niura Legramonte Ribeiro (UFRGS) | Dispositivos de transversalidades: imagens em movimento (cinema /vídeo), fotografia e pintura

José Carlos Suci Junior (UNICAMP) | Tensão desenhada: cotidiano, cinema e performance como combustíveis para um desenho descategorizado

Thamara Venâncio (UFJF) | De coadjuvante a protagonista: a videoarte no Festival Videobrasil

Camila Schenkel (UFRGS) | Passados possíveis: negociações recentes entre arte e documento

16h30 às 17h – Coffee break

17h às 18h30 | AUDITÓRIO – Mesa de conclusão

18h30 às 19h – Coffee break

19h às 20h30 | AUDITÓRIO

Ramón Castillo | Crítica institucional sul: alcances, desvios e reinvenção

 

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